segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dor no Idoso





Descrição da Dor
É a descrição que o doente faz da sua dor, deve ser inspirada por uma série de perguntas sobre as características PEQIGT.
P – Factores Paliativos ; O que faz para melhorar a dor?
E – Factores exacerbantes; O que é que faz para piorar a dor?
Q – Qualidade; Descreva exactamente a dor?
I – Irradiação; A dor irradia para outros pontos?
G – Gravidade; É muito intensa?
T – Factores Temporais; A dor é permanente ou aparece e desaparece?

Controlo da Dor
O controlo da dor compreende as intervenções destinadas à sua prevenção e tratamento. Sempre que se preveja a ocorrência de dor ou a avaliação evidencie a sua presença, o gerontólogo tem o dever de agir na promoção de cuidados que a eliminem ou reduzam para níveis considerados aceitáveis pela pessoa.
Assim recomenda-se:
•Colaborar com os restantes elementos da equipa multidisciplinar no estabelecimento de um plano de intervenção para o controlo da dor, coerente com os objectivos da pessoa;
•Contribuir com dados relevantes sobre a individualidade da pessoa para a selecção mais adequada dos analgésicos e das vias de administração;
•Envolvera pessoa/ cuidador principal/ família/ na definição e reajustamento do plano terapêutico;
•Ajustar o plano terapêutico de acordo com os resultados da reavaliação e com os recursos disponíveis;
•Conhecer as indicações, as contra-indicações e os efeitos colaterais dos fármacos utilizados no controlo da dor e as interacções medicamentosas;
•Prevenir e controlar os efeitos colaterais mais frequentes da terapêutica analgésica;
•Vigiar a segurança da terapêutica analgésica;
•Prevenir e tratar a dor decorrente de intervenções de Gerontologia e de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos;
•Conhecer as indicações, as contra-indicações e os efeitos colaterais não farmacológicas;
•Seleccionar as intervenções não farmacológicas considerando as preferências da pessoa, os objectivos do tratamento e a evidência científica disponível.

Ensino à pessoa/ cuidador principal/ família, por parte do Gerontólogo:
O envolvimento da pessoa no controlo da dor respeita o princípio ético da autonomia.
Assim recomenda-se:
•Ensinar acerca da dor e das medidas de controlo;
•Instruir e treinar para o auto-controlo na utilização de estratégias farmacológicas e não farmacológicas;
•Ensinar acerca dos efeitos colaterais da terapêutica analgésica;
•Instruir sobre as medidas de controlo dos efeitos colaterais dos opióides;
•Ensinar sobre os mitos que dificultam o controlo da dor;
•Instruir sobre a necessidade de alertar precocemente os profissionais de saúde para o agravamento da dor, as mudanças no seu padrão, novas fontes e tipos de dor e efeitos colaterais da terapêutica analgésica;
•Fornecer informação escrita que reforce o ensino.

A dor como 5º Sinal Vital no Idoso
Coincidindo com o Dia Nacional da luta conta a dor, a Direcção Geral de Saúde, publicou no dia 14 de Junho de 2003, uma circular normativa que institui a “Dor como 5º Sinal Vital”.
A equiparação da Dor a 5º Sinal Vital significa que se considera como boa prática clínica, em todos os serviços prestadores de cuidados de saúde, avaliação e registo regular da intensidade da Dor, à semelhança ao que acontece com os outros 4 Sinais Vitais:

•Frequência Respiratória;
•Frequência Cardíaca;
•Tensão Arterial;
•Temperatura Corporal;
•Intensidade da Dor.

A obrigatoriedade da avaliação e registo da Dor muitas vezes subestimada, negligenciada por pacientes e Profissionais de Saúde.

Torna-a visível sendo impossível ignora-la.
Obriga a traçar estratégias terapêuticas para combate-la.
O que:

•Melhora a qualidade de vida dos doentes;
•Reduz a morbilidade;
•É um dever ético dos Profissionais de Saúde;
•É um direito dos doentes.

A Dor no Idoso é um problema actual que tende a crescer com o envelhecimento da população.
A Dor no Idoso é muito frequente, estima-se que 50% dos idosos sofra de dor crónica e que esta percentagem atinja 80% dos idosos internados.
Dado que os idosos tem uma menos sensibilidade a estímulos dolorosos é provável que quando um idoso se queixa de dor a intensidade desta, seja, efectivamente muito alta.
Nós como Técnicos de Gerontologia temos de alterar a ideia de que se o idoso não se queixa, é porque não tem dor.

O idoso pode não se queixar por diversos motivos:
•Porque não quer incomodar;
•Porque está resignado.
A agravar o problema da
dor no idoso acrescem as dificuldades psicossociais inerentes à idade como a reforma, a perda de suporte familiar, o internamento em lar, etc.

É necessário implementar junto da população idosa o lema:
“Não sofra em silêncio”

A dor tem consequências mais graves no idoso dado que a sua reserva fisiológica é já menos, e a sua capacidade de compensação perante o stress causado pela dor é mais limitada.

A resposta fisiológica à agressão dolorosa não tratada expeditamente pode conduzir:
•À falência cardiocirculatória;
•Ao desequilíbrio metabólico;
•A descompensação ventilatória;
•Á falência renal.

Daí que o tratamento da dor no idosos requer conhecimentos especializados.


(Apontamentos fornecidos nas aulas de Dor, Sofrimento e Situações Clínicas na Velhice, pela Professora Cláudia Morais do CET de Gerontologia).

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